É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A CAIXA – 12/12/08

Queria colocar numa caixa
Todo e qualquer sentimento
Tudo que existe no tempo
Entre eu e você
Queria colocar as dúvidas
E incertezas
Para poder observar com clareza
Quando tudo estiver trancado
A caixa protege e encobre tesouros
E planos não concretizados
A caixa guarda a verdade e a mentira
O amor e a cobiça e tudo mais que quiser ser guardado
A caixa é do bem
A caixa é do mal
Depende do que dentro está
A caixa é perfeita
Para esconder segredos
Para guardar esses textos
Só não guarda o barulho do mar
A caixa vazia
Esconde a solidão
De quem não tem nada
Pra guardar
A caixa mesmo que frágil
Suporta o peso das histórias
Que ali dentro está a armazenar
A caixa tem cheiro de mofo
Ou de roupas de bebê
O perfume das pétalas de rosas azuis
Ou simplesmente um cheiro de passado
Com os brinquedos de criança o cheiro de presente
Com as alianças o cheiro do futuro a desvendar
A caixa é um objeto imóvel
Que carrega lembranças que o tempo não pode apagar
A caixa pulsa como um coração
Tem sorrisos e choros a murmurar
A caixa guarda desejos
Quem tem uma caixa
Sabe do que estou a falar...
...Dos mistérios que a caixa pode guardar

Débora Vasconcelos

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu amo este poema, gosto muito de poemas que utilizam metáforas para se expressar, e como já lhe disse este poema me lembra outro de Gilberto Gil, segue abaixo...


Metáfora
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil - 1982

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora


Katielly