É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

LEALDADE - 23.08.13 - 11:36h

É aceitável você deixar a casa de seus pais para um casamento.
Todos aplaudem e festejam quando você resolve deixar de cuidar de seus pais e devotar a sua vida para uma pessoa que você conheceu há algum tempo, alguém que pode até te fazer mal lá na frente...Ainda assim é compreenssível e elogiável.
No entanto quando você resolve deixar a casa de seus pais para viver a sua vida, para ser feliz a sua maneira, para expor as suas próprias asas ao mundo. Os olhos alheios destilam o julgamento de que você é uma pessoa egoísta, de que não ama os pais, de que é uma pessoa má.
As pessoas preferem ver lágrimas de servidão, do que sorrisos de liberdade.
A saída não significa esquecimento de entes queridos, a saída não significa que não haja interesse ou cuidado com os que ficam.
Às vezes é preciso partir por amor.
Por amor dos que ficam e não merecem o seu momento de tristeza, por amor aos que ficam e não merecem a desarmonia que você causa por ter um pensamento diferente.
Para que eles não vejam a guerra explodindo em seus olhos e instintos que você não sabia que tinha, mais que de alguma forma são despertados como uma faísca no meio de uma discussão.
Às vezes é necessário a saída por amor a sua dignidade, por um ideal que você acredita e por respeito a sua própria dor ou felicidade.
E as visitas serão mais leves. E a harmonia reestabelicida.
Lealdade não tem casa e sim coração!

Débora Vasconcelos

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

FOI VÁLIDO - 23:15h - 28.06.13

- Nem sempre o que ultrapassa transcende!
No meio desse papo de travessia ele me pergunta como fazer isso funcionar direito
E sorrindo me roubou um beijo
Como se eu não quisesse ser assaltada ou rendida
Na pressa deixamos cair as roupas
O quarto parecia ser longe de mais
E o corredor foi válido
Na mente a frase:
"Nem sempre o que ultrapassa transcende!"
Afinal nem se quer conseguimos atravessar de um comôdo para o outro
A sensação de urgência era grande demais para ambos
Na verdade não estávamos interessados em ultrapassar, atravessar ou transcender
Escolhemos ficar no meio do caminho
E simplesmente viver

Débora Vasconcelos

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CORAGEM - 00:04h - 20.08.13

Três dias antes de tornar a decisão em realidade, ela se olhou no espelho com os cabelos bagunçados, a cara de cansada e sentiu medo.
Não havia dormido pensando, e perguntou a si mesma se não era por impulso tal atitude, pois isso se repitira no passado. E lembrou que na primeira vez o impulso foi tão grande que não houve tempo sequer de pensar, quando havia se dado conta já tinha feito...Assim sem experiência alguma, sem nada que lhe desse segurança, apenas havia metido os peitos.
Então diante do espelho e de suas olheiras a certeza nasceu novamente em seu coração.
De que meter os peitos é melhor do que empurrar com a barriga!

Débora Vasconcelos


GERÚNDIO - (Carpinejar)

Durante meses, falei que estava me separando. Para me acostumar. O gerúndio um dia acontece. 

Não me acostumei, confidencio a você o que experimento, talvez para ter maior clareza sobre o que me machuca. 

As alegrias não são mais como deveriam. As tristezas não são mais como deveriam.

Não consigo encerrar uma como a outra. 

A tristeza não tem fundo. Tristeza é quando não temos mais fundo. 

Procuro desidratar, espernear, rastejar dentro do sangue, ser um réptil de pele grossa, deixar a barba a esmo, esmagar os travesseiros com um misto de soluço, tosse e socos dos olhos, mas sempre sobra dor para o dia seguinte. Por mais que me esforce em terminá-la – resta uma angústia inédita, uma angústia inesperada, que parte de uma vivência simples como freqüentar um parque ou atravessar uma rua conhecida. Não é um parque qualquer, é onde a ex-mulher me acompanhava. Não é uma rua qualquer, é aonde atravessávamos de mãos dadas. 

Nunca sei quando vai doer – isso é o que mais dói. 

Não duvido que o excesso de sensibilidade me torne insensível. Estou tão vulnerável que não sinto nada. 

O riso é também pela metade. O riso hepático, mais uma contração facial do que uma respiração desembaraçada. Aceno com a cabeça, não é mais aquele salto felino dos dentes. Meu sim virou um não simpático, com a leve inclinação dos lábios. Não abro, nem fecho: respiro pela boca. 

Perdi mais do que a sinalização de qual era a mão esquerda com a aliança. Ainda não sei o que perdi. Amanheço e percebo que perdi mais uma coisa. Tudo me engravida e eu perco. Perco muitas crianças em cada lembrança.

Do livro Espero Alguém (Bertrand Brasil, 2013)

Autor: Fabricio Carpinejar

domingo, 11 de agosto de 2013

O MELHOR PRESENTE PARA MEU PAI -14:44h - 11.08.13 (Dia dos Pais)

(Ele esta com os anjos de verdade agora)

Hoje em dia quando passo em frente ao prédio em que ele trabalhava em São Paulo, imediatamente me arrependo de não ter prestado mais atenção na história, de não tê-la escrito para que eu não perdesse nenhum detalhe, que hoje a minha memória esqueceu dos causos contados por meu pai.
Algumas pessoas passaram a me olhar com pena após a ida dele.
Outras demoraram muito para me contar coisas que eu nem sabia a respeito do meu pai.
E para algumas eu ainda não estou pronta para ouvir e simplesmente me fecho e tento mudar de assunto.
Eu presenciei uma grande mudança em seu coração em todos os sentidos.
E vejo claramente essa mudança quando falamos do passado e me deparo com a reação de surpresa de minha sobrinha que só o conheceu após essa transformação na vida dele.
Sei que ainda não esta acabado. Estamos todos em processo de entendimento, inclusive ele em outro plano.
Não esqueço os momentos ruins, apenas não guardo mágoa, pois eu fui mais forte que toda a sua brutalidade. Talvez eu ainda remoesse com raiva se eu não tivesse superado.
Mas pelo contrário eu superei, só que eu tive que me separar do meu pai, não por uma, nem por duas, nem por três vezes, tive que me separar inúmeras vezes dele para amá-lo.
E em todas às vezes ele me viu partindo em busca de meus sonhos.
E eu o ensinei que a minha força esta dentro do coração e não nas mãos ou em palavras ásperas.
E o meu pai chorou comigo ao ver a conquista de tantas coisas boas em minha vida. A minha força me levou a realizar coisas que eu nem havia sonhado de tão grandiosas.
E eu agradeço por ter visto ele mudar, até o último momento, eu vi o meu pai mudar para melhor.
Durante a nossa convivência eu pude lhe dar alguns desenhos quando criança, cartões, perfumes, ou outros presentes materiais.
Mas o melhor presente que lhe dei em vida e que ainda posso continuar lhe dando, definitivamente são as minhas vitórias.

Débora Vasconcelos

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A ESCADA QUE NÃO É MINHA - 16:27h - 08.08.13 - Barueri

Eu posso sim, participar de mundos que não são meus
Posso querer enganar o meu coração e a minha mente
Posso realmente ignorar tudo o que eu vivi e tentar aprender coisas novas
Posso ir aos mesmos lugares com pessoas diferentes, estar aberto desta vez e vivenciar novas experiências
Eu posso passear por caminhos que nunca havia passado, ter conversas que nunca tive
Conhecer pessoas que não são do meu meio
Eu posso estar tentando fantasiar a minha vida
Posso expor isso para que eu mesmo tente me convencer
E com isso eu posso estar cometendo os mesmos erros intímos, só que com uma nova pessoa
Porque estou fingindo
E eu posso e sei que eu posso fingir por muito tempo
Mas estarei sempre pisando em ovos
Estarei sempre vagando dentro de mim mesmo
E quando eu estiver sozinho, vai chegar uma hora em que nem mesmo eu vou me reconhecer
Eu sou um estranho diante do espelho
E eu me pergunto o solene: - Porque?
Porque eu deixei as oportunidades  originais e verdadeiras escaparem?
Porque eu não me importei quando era para eu me importar?
Porque eu não estudei, eu não amei, eu não me entreguei e eu não lutei pelo que eu lá no meu amago realmente queria e conhecia como ninguém?
E me tornei sombra
Sombra nem sei de quem
Busco abarrotar a minha vida com coisas novas, quando na verdade não sei administrar a minha própria rotina tão conhecida
Busco preencher cada segundo do meu dia para não ter tempo para pensar
Mas o banho...Ah! o banho me faz estar sozinho e nu diante de mim mesmo
E meus pensamentos escorrem como a água
Lavando o meu corpo com a imundície da minha cabeça, que na verdade me suja ainda mais
O que eu estou fazendo?
Isso não é apenas recomeçar!
Eu não preciso subir uma escada que não é minha para recomeçar
Porque o intuituito de se recomeçar é fazer algo melhor do que já foi feito
E eu não sei fazer desse jeito
Então eu uso os outros como degraus, afinal eu já fui usado por aquele em quem acreditei e foi só isso o que eu aprendi
Não reconheço a solidão como necessária para aplacar a minha dor
Pois a solidão me faz sofrer mais
Então carrego os outros em meus falsos sorrisos
Interpretando um papel que não sou eu de fato
Mais uma vez eu sou fraco
E não tenho coragem de começar um jogo limpo
Sem trapaças, sem maudade
E vou arrastando as pessoas comigo
Elas não percebem
Não tem idéia de quem eu sou
Nem eu mesmo tenho
Me perdi dentro da minha própria história de vida
Porque não soube seguir um caminho
O caminho genuíno do meu coração
E agora sigo por outra estrada mascarando novamente que é por amor
E assim estrago mais uma vida além da minha
Eu sou um deserto sem oásis!

Débora Vasconcelos

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Minuto Poesia

Como eu fiquei feliz hoje ao ver uma poesia minha publicada no blog: Minuto Poesia
http://www.minutopoesia.com/2013/08/poesia-do-leitor-anel-sextavado.html#comment-form

Quem quiser ver o meu escrito e muitas outras poesias dá uma passada lá.

Beijos mil!

Débora Vasconcelos