É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

quarta-feira, 28 de julho de 2010

CEMITÉRIO DE PALAVRAS – 09/07/10

Ilustração: Tiago Costa
http://www.tiagocostailustra.blogspot.com

Há um cemitério de palavras embaixo da língua
Aquelas que não foram ditas
Permanecem ali enterradas
Vivas, mas enterradas
Abafadas pelos beijos de despedidas e chegadas
Às vezes elas querem submergir, trazendo o veneno à tona ao paladar e cuspindo fogo como dragões medievais
Mas prontamente a saliva alheia abranda essa intempestividade das palavras não faladas
E elas se armazenam amontoadas
Sem vingar


Débora Vasconcelos

MÚSICA: MARTELO BIGORNA – Lenine

Composição: Lenine

Muito do que eu faço
Não penso, me lanço sem compromisso.
Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço

Tanto choro e pranto

A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo

Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna

Vou certo
De estar no caminho
Desperto.

GRITAR

O grito às vezes é a única saída pra expressar aquilo que não sabemos dizer
Nele saem feridas, alegrias, magoas
O grito é a única maneira de arrancar do centro aquilo que nos deixou fora do eixo, quando o equilíbrio falta o grito vem resolver


Débora Vasconcelos

quinta-feira, 22 de julho de 2010

RECOMEÇO – 22/07/10


Escorreguei quando pensei que estava segura
Me segurei quando pensei que estava caindo
Saí de perto quando pensei que estava longe do que eu queria ser
Me aproximei de mim, quando pensei que estava longe de casa
Descobri nos lábios desconhecidos uma segurança que nunca tive
A segurança de me arriscar a ponto de ser eu mesma
E de peitar uma decisão tão simples que é VIVER
Compreendendo que nem sempre é aquilo que parece ser
E o que realmente é, nem sempre foi daquele jeito
E que ainda pode mudar
Assim como eu mudei
A partir do momento em que me aceitei
Sendo quem eu podia ser
E melhorando a luz dos que estão a minha volta
Tentando mostrar a beleza do nascer de um novo dia
E a possibilidade de recomeçar


Débora Vasconcelos

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A RECOMPENSA - 20/05/09

Você deixa de ser menina
Você deixa de ser metida
Você deixa de ser mimada
Você deixa de ter certeza
Você deixa de ser apenas forte
Pra se tornar uma fortaleza
Você deixa de ser fresca
Deixa de ser cretina
Volta a ser menina
Pra entender que Deus tem propósitos maiores
Você se transforma em mulher
Você nem sabe direito o que quer
Você só pede a Deus por dias melhores
Você vive e se satisfaz
Pra você agora nada é de mais
Você já foi além do que só aquilo que vento trás
Buscando realizar seus ideais, virando os seus mundos do avesso
Pra haver de novo o recomeço
E uma recompensa maior
Você não tem medo de ir adiante
Por mais que seja tudo tão inconstante
Não vale a pena voltar atrás
Você se olha no espelho e sente orgulho de si mesma
E em busca da sua própria natureza
Abre os braços e sente paz
Essa é a melhor das recompensas
Nada e nem ninguém pode te dar mais
Do que a tranquilidade da consciência

Débora Vasconcelos

quinta-feira, 15 de julho de 2010

BOLO DE MILHO – 15/07/10

Bom é o cheiro do bolo de milho que fiz pro meu amor
É ele me esperar esquentando a cama, embaixo do cobertor
Bom é ter pra quem ligar quando anoitece
Mesmo que seja pra discordar de vez em quando
Bom mesmo é tomar banho junto
Sem vergonha, sem pudor
Bom é puxar os cabelos na hora H, na hora G, na hora Ah!
Bom é me derreter como a manteiga quentinha no bolo de milho
Bom é ter amor pra dar e ter pra quem dar
E dar...
E ganhar...
Feito surpresa como bolo de milho
Feito um afago no rosto sem esperar
Débora Vasconcelos

segunda-feira, 12 de julho de 2010

CICATRIZES – 12/07/10


Ta tarde pra você querer mudar as coisas num abraço
Ta tarde pra me prender no seu laço
Que sempre foi frouxo de gratidão
Ta tarde pra me ver como sou
Seu espelho se quebrou nesta longa caminhada
Já não há mais alvorada
Em tamanha imensidão
Eu já não consigo enxergar algo a brilhar dentro do seu coração
Que é tão sombrio e deserto
Como a própria solidão
Ta tarde pra você me domar pelos cabelos
Se nem um fio de esperança sobrou
Isso já não é amor
Ta tarde pra plantar canaviais
Ta tarde pra entender os ancestrais que brotam dos meus olhos e minhas mãos
Você se confundiu e eu nem vi
Que o caminho não era por ali
Agora ta tarde pra voltar
E eu segui
No que era mais improvável aceitar
De um destino infeliz
Eu ainda consigo visualizar beleza
No que você acha ser tormento
Então ta tarde pra trazer pra dentro
O que sempre ficou lá fora
Ta tarde
E o que é tarde demora
Demora de mais pra cicatrizar
Débora Vasconcelos

MÚSICA: EU QUERIA TER UMA BOMBA – Barão Vermelho

Composição: Cazuza

Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo

Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas

Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em homicídio
Mas no fundo eu nem ligo

Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Meu mundo que você não vê
Meu sonho que você não crê

TEATRO: MACBETH


Ontem assisti a peça: Macbeth com Renata Sorrah e Daniel Dantas, pra quem gosta de drama, recomendo. Preparem-se são três horas de espetáculo.
Bjs
Débora Vasconcelos

terça-feira, 6 de julho de 2010

ARTE TEM VIDA PRÓPRIA


A tinta nem secou e você já quer enquadrar
Sempre limitando tudo
Deixa eu pintar
E se respingar na parede
Qual é o problema?
Nem tudo a gente pode guardar pra gente
Às vezes tende a ultrapassar
Mas sua vida é toda demarcada, sempre restringida ao nada do que é original
Já escolheu o lugar na parede
Do que eu nem sei se terminei
Arte tem vida própria
Não adianta te explicar, eu bem que tentei
Enquanto você mede
Eu rabisco, não vejo nenhum risco de poder me expressar
E o que você fala eu abstraio
Enquanto pinto o meu quadro, abstratando o seu olhar
Tento extrair da tela o que você não consegue ver
Tento sugar de mim o que você não é capaz de sorver
Débora Vasconcelos