É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

segunda-feira, 25 de maio de 2009

CONTRÁRIO – 14/04/09


Se você corre
Eu paro
Somos todo ao contrário de tudo aquilo que é amor

Se você vê
Eu cego
Estamos submersos em nossa própria dor

Se você abre
Eu fecho
E é tudo tão distinto de tudo que se passou

Se você grita
Eu calo
Já nos perdemos nas palavras de tudo que se falou

Se você entra
Eu saio
É impossível se encontrar quando o vento não sopra a favor


Débora Vasconcelos

...

Precisei ficar no silêncio
Hoje não quis ouvir música, nem ligar a TV
Era o silêncio que me faltava
O meu próprio silêncio que me escapava
E já bastava o som da rua e dos vizinhos e o da minha tosse que não passa
Esse silêncio não é vazio, nem tão pouco ameaça
O silêncio veio em forma de amigo
Pra acabar com a solidão que aqui estava


Débora Vasconcelos

MÚSICA: PRA RUA ME LEVAR - Ana Carolina

Composição: Ana Carolina / Totonho Villeroy

Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora


Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
Eu vou lembrar você

É mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar

IMUNE – 28/03/09


Descobri que tudo que escrevi
Era pra mim e não pra você
Pra eu saber que nunca mais
Podia deixar isso acontecer
Preciso reler pra entender direito
Tudo que passei quando estava com você
Pra tentar algo melhor
Dá próxima vez que for me meter a amar
E a minha paz é algo que não se pode apalpar, como os corpos na cama a sussurrar
Abra a porta e entra
Pode vir que agora já me vacinei contra você
E nada do que você faça irá me contaminar
É indiferente a sua presença agora, já que não faz mal nem bem
Pode vir que agora já me vacinei contra você
Estou imune aos seus beijos, aos nossos antigos desejos, a sua pele a exalar um forte apelo de querer provar essa mulher nova a sua frente
Pode vir e se deitar ao lado
Já me vacinei contra você
E nada do que me faça irá me adoentar
Estou livre e é isso que te encanta
Que te cisma, que você tanto teima em decifrar, como fez bem eu estar longe de você
Pode fazer o que quiser
Eu descobri outras portas neste quarto
Mas não preciso sair se você chegar
Eu já consigo te suportar
Porque eu já me vacinei contra você
De raiva eu já não morro mais
Pois já não espero nada de você
Estou imune a sua desilusão
Venha, senta, conversa, faz tudo que não fazia quando eu precisava de você
Não me importa
Agora eu já me vacinei contra você

Débora Vasconcelos

VERDADE INSANA – 25/03/09


Dá vontade de não tomar banho
Só pra não tirar de mim o seu cheiro
Porque não sei se você vai voltar
Mas não importa o banho
O seu cheiro não esta só na pele
Está dentro!
Esta nos cobertores
Mas também nos pensamentos
Dá vontade de não sair da cama
Ficar lembrando dos seus beijos
Mas eu não sei se ele vai voltar
Então é melhor levantar e sair correndo
Dá vontade de te ligar
E não querer te entender
Simplesmente te ter
Mostrar que não sou santa
Que eu só quero o prazer
De ter você na minha cama
Mais não sei se ele iria voltar
Sabendo dessa verdade insana
Dá vontade de esquecer o passado
E dar o braço a torcer
Fingir que não vi o seu recado
Dar o troco com a moeda que veio de você
Dá vontade de não te levar a sério
De perder o respeito
Juntamente com a roupa
De te tirar do sério
E dar uma de louca
Fingir que nada aconteceu
Só pra que aconteçam mais coisas
Dá vontade de matar tanta vontade com você
De delirar
De possuir seu ser
Mas ainda não sei se ele irá voltar
E fico aqui imaginando tantas coisas
Dá vontade, da vontade que dá
Daquelas de se encher a boca


Débora Vasconcelos

quarta-feira, 20 de maio de 2009

VIAJANTE – 20/05/09


Como em um cavalo a galopar é o que eu sinto quando me vejo em seu olhar
Uma sensação de alegria e liberdade que você consegue me proporcionar

E como a chama da fogueira que aquece os viajantes, que contam histórias na madrugada a varar
Eu sinto meu corpo esquentando quando perto você está

E como a bruma da noite aos poucos eu vou me acalmando e as estrelas vou observar
Pois sei que em algum lugar distante você está também em mim a pensar

E os seus olhos feitos diamantes, brilham tanto como o luar
E mesmo eu querendo ser um retirante
Vendo tantas paisagens lindas, tanta gente, tudo tão inconstante
Nada disso me impede de te amar

Tenho todos os motivos pra enfrentar essa estrada, pra tocar essa boiada e me sentir feliz de aqui estar
Mais observando bem, nada substitui seu cheiro, seus abraços e seus cabelos na garupa do meu cavalo com o vento a balançar
Neste instinto natural, me sinto uma pessoa normal, quando desejo sempre regressar ao nosso lar.




Débora Vasconcelos
* Esse fiz inspirada na abertura da novela Paraíso.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CULTIVO DE PAPÉIS – 23/03/09


Quero que o tempo passe assim
Com vários cadernos preenchidos
Letras bem feitas e torneadas
Ou garranchos que quase não se entende nada
Estará nítido nas letras a pressa de se escrever
Em derramar sobre os papéis as coisas que às vezes não se pode dizer
Às vezes um desenho aqui outro acolá
Vão demonstrando o que as palavras não conseguem expressar
Quero poder escrever sempre
Quero sempre poder escrever
Que nunca me falte papel, caneta, tinta ou coisa assim
Porque a memória é fraca
Isso sim falta em mim
Então não posso parar pra pensar
É quase como psicografar
Tenho que escrever, deixar sair
Deixar fluir sem me cobrar
Isso não é brincadeira, não pra mim
Escrevo já há tanto tempo
E o tempo não tem pena de mim
Vai passando e os cadernos vou preenchendo
Enquanto alguns cultivam flores, cogumelos, plantas em um jardim
Eu cultivo meus papéis
Isso é o que eu quero até o fim
Pois por mais que eu me acabe
O que eu escrevi ficará aí, pra quem sabe alguém cultivar
Alguém que entenda que eu não morri
Enquanto os meus papéis cultivar
Flores dali vão sair

Débora Vasconcelos

A IMENSIDÃO DO SEU OLHAR – 22/03/09


Seus olhos me fitam a onde quer que eu vá
É uma certeza tão simples da sua presença em tudo quanto é lugar
Você me guia com a clareza de quem sabe amar
E mesmo sem você aqui, sinto que nunca me abandonará
É tão natural pra mim que não consigo explicar a força deste amor
Mas se eu pudesse comparar
Seria mais ou menos como a força das ondas e a imensidão do mar
É um mergulho profundo sempre que sinto os seus olhos a me fitar
É uma sensação de grandeza que qualquer distância se torna pequena na imensidão do seu olhar


Débora Vasconcelos

REPENTINAS


Suas vindas repentinas
Parece até que são pra pedir perdão
Mais você não consegue falar
É tão difícil mudar
É tão difícil expressar
Quando já foi dito, tantas coisas pra magoar
Suas idas repentinas
Me fizeram sofrer
Sempre sem dizer nada
Agora não há o que esclarecer
Tudo o que ficou foi um enorme buraco
Uma sensação de fracasso
Quem sabe repentinamente eu consiga te esquecer


Débora Vasconcelos

ALIANÇAS – 05/03/09

Difícil foi me livrar delas
Assim como foi difícil no início acostumar
As alianças todas elas foram em vão
Se todos elos eram frágeis
E não existiam no coração
Alianças tão belas
Com vários nomes e histórias
Que de nada valeram
Quando foi preciso dizer: - Não!
Um objeto que de nada serviu
Pra tapar o buraco da solidão
E como diz o ditado:
-Foram se os anéis, ficaram se os dedos...as unhas e as mãos
Que agora sem elas
São livres pra agarrar outra paixão
Mais sinceramente
Alianças, essas não quero usar mais não
A única aliança que eu quero
É saber que eu posso contar
Com quem está do meu lado
Quero ver nos olhos dele a alegria do meu coração
A satisfação de me amar
A certeza que nenhum objeto pode dar
Quero um amor que não se leva na mão



Débora Vasconcelos

sexta-feira, 15 de maio de 2009

UMA CRIATURA NOVA – 14/05/09


Preciso te poupar do veneno de meus lábios
Preciso me poupar de ter que te dar respostas
Não dá pra decodificar algo tão codificado
É como o coração de uma criatura nova

Ninguém sabe como lidar
Ninguém sabe o que dali saíra
Pra se poder prever o que irá acontecer
Pra se entender o que dentro está

Será que é melhor eu me afastar de você?
Já que não quero te contar sobre a minha dor
Já que não posso te dar o meu amor
Porém tão pouco posso viver sem você

São quadros e retratos tão abstratos pra na parede se colocar
Só eu mesma posso saber interpretar
A verdade é que nem eu sei expressar realmente tudo que há pra se dizer
Na verdade já não há o que se explicar

E nas arestas vão ficando os restos
As culpas e a dor
No centro do corpo dessa criatura nova
Ás vezes há uma força descomunal e ao mesmo tempo uma fraqueza de isopor

Não dá pra saber o que se esperar
Nem eu mesma sei qual o próximo passo a se dar
As decisões variam tanto
Conforme o humor

E quase como uma alquimia
Experimento sensações novas
Que me transformam a cada dia
Numa criatura nova

Débora Vasconcelos

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A REAL COR DO AMOR – 27/04/09


Eu queria tanto poder dizer que sinto o seu amor pulsando em minhas veias
Mais ainda não o sinto verdadeiro
Não o sinto inteiro
Na verdade agora sou eu que tenho medo de sentir
Queria tanto poder olhar nos seus olhos e ver a real cor do amor
Mais o desespero não deixa
Aquele mesmo desespero que foi você quem deixou aqui
Agora ele anda a minha volta, e ronda me impedindo de receber isso que você diz ser amor
É uma confusão tão grande dentro da minha cabeça
E agora mudei o rumo da minha vida
E ao virar a mesa ela se partiu
Eu queria tanto poder retribuir as suas juras
Mais é como se eu já tivesse te dado todo o meu amor
E conforme você o desprezava o meu rio de amor secou
E agora não sobrou mais nada pra matar sua sede de resposta
E esse silêncio vago e mortal me sufoca também
Só que não posso te dizer
Porque não sinto mais, não posso ver
É muito recente, é muito novo
Tudo isso que você diz ter
Já não sei mais nem o que eu sinto
Como é que posso acreditar no que sente você?
E dói não poder te dar aquilo que eu sempre te dei
De graça, com graça, com tanta vontade e verdade
Dói sentir esse vazio do buraco que você cavou em mim
Porque a verdade é que não sinto
Não sinto mais amor
Queria tanto poder te dizer aquilo tudo que eu te dizia
Mais a verdade é que eu mentiria se ousasse em te responder que também amo você
É como se eu ficasse daltônica de uma hora pra outra
E não pudesse ver a cor do amor que tanto me moveu
Agora a cor se apagou da minha percepção
Da minha visão e de tudo que posso sentir
Agora você tenta colher flores do terreno baldio em que nada cultivou, só rastelou...
Só rastelou
Para adubar esse solo será um processo muito lento
Pra sua pressa de resposta
Pra sua pressa de consertar o lar onde morou
(Meu coração)


Débora Vasconcelos

MÚSICA: CARA VALENTE – Maria Rita

Composição: Marcelo Camelo

Não, ele não vai mais dobrar

Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir

Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração

Olha lá, ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo cara valente
Mas, veja só
A gente sabe
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim, rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai, não

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas