É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MÚSICA: AOS MEUS HERÓIS - Julinho Marassi & Gutemberg

Composição: Júlio César Marassi

Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída
E usar palavras pra mudar a sua vida.

Quero fazer uma canção mais delicada,
Sem criticar, sem agredir, sem dar pancada,
Mas não consigo concordar com esse sistema
E quero abrir sua cabeça pro meu tema

Que fique claro, a juventude não tem culpa.
É o eletronic fundindo a sua cuca.
Eu também gosto de dançar o pancadão,
Mas é saudável te dar outra opção.

Os meus heróis estão calados nessa hora,
Pois já fizeram e escreveram a sua história.
Devagarinho vou achando meu espaço
E não me esqueço das riquezas do passado.

Eu quero “a benção” de Vinícius de Morais,
O Belchior cantando “como nossos pais”,
E “se eu quiser falar com...” Gil sobre o Flamengo,
“O que será” que o nosso Chico tá escrevendo.

Aquelas “rosas” já “não falam” de Cartola
E do Cazuza “te pegando na escola”.
To com saudades de Jobim com seu piano,
Do Fábio Jr. Com seus “20 e poucos anos”.

Se o Renato teve seu “tempo perdido”,
O Rei Roberto “outra vez” o mais querido.
A “agonia” do Oswaldo Montenegro
Ao ver que a porta já não tem mais nem segredos.

Ter tido a “sorte” de escutar o Taiguara
E “Madalena” de Ivan Lins, beleza rara.
Ver a “morena tropicana” do Alceu,
Marisa Monte me dizendo ”beija eu”
Beija eu, Beija eu Deixa que eu seja eu
Beija eu, beija eu deixa qe eu seja eu

O Zé Rodrix em sua “casa no campo”
Levou Geraldo pra cantar no “dia branco”.
No “chão de giz” do Zé Ramalho eu escrevi
Eu vi Lulu, Benjor, Tim Maia e Rita Lee.

Pedir ao Beto um novo “sol de primavera”,
Ver o Toquinho retocando a “aquarela”,
Ouvir o Milton “lá no clube da esquina”
Cantando ao lado da rainha Elis Regina.

Quero “sem lenço e documento” o Caetano
O Djavan mostrando a cor do “oceano”.
Vou “caminhando e cantando” com o Vandré
E a outra vida, Gonzaguinha, “o que é?”

Atenção DJ faça a sua parte,
Não copie os outros, seja mais “smart”.
Na rádio ou na pista mude a seqüência,
Mexa com as pessoas e com a consciência.

Se você não toca letra inteligente
Fica dominada, limitada a mente.
Faça refletir DJ, não se esqueça,
Mexa o popozão, mas também a cabeça

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PLANTAÇÕES DESENGANADAS – 03/11/11

Os pingos de chuva caem em câmera lenta
Enquanto eu te procuro com meu olhar dentro dos meus vazios
Eu queria ser a água do mar para banhar onde você habita
Eu desistiria de tudo que já tenho para ter tudo no seu olhar novamente
E faria vingar plantações desenganadas pra te trazer de volta, do lugar onde você nunca partiu
De um coração que não sabe ser sombrio, por ainda ter você

Débora Vasconcelos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VERDADES E ILUSÕES – 02/02/11

O cheiro de fogueira vinha de longe, mas ela o reconhecia tão familiar. Inclinou seu corpo para fora da janela daquele apartamento acinzentado e deixou se levar pela lembrança de uma vida solta e colorida no sítio de sua avó. Vinte e cinco anos se passaram desde que ela quis ser mais completa, tendo televisão de plasma e microondas, mas a saudade era do milho assado na brasa da fogueira, do chimarrão e da conversa dos parentes sentados ao tronco. Só que aquele cheiro que na verdade vinha de um sofá velho que os mendigos tacaram fogo na quadra ao lado, lembrava mais do que a simplicidade da vida de interior, mais do que café coado no pano e das bolachinhas de nata, aquele cheiro lembrava mesmo era do primeiro beijo, do sabor do desejo e do medo, misturado a uma alegria pura de menina imatura e feliz. Era assim que ela se lembrava de um sorriso lindo que ele dava toda vez que o leite para casa de sua avó ele levava de manhãzinha. E sua mãe ainda questionava porque na cidade ela não queria acordar cedo e lá ela adorava.
Aquele cheiro de fogueira falsa de cidade grande lhe trouxe várias certezas, trocaria então a viagem de férias fazendo compras em NY, por uma estada boa no sítio de sua avó. Precisava se cercar de verdades e não de ilusões.

Débora Vasconcelos

O NOSSO VASO – 05/02/11

Foto Milton Toshiba do blog: http://miltontoshiba.blogspot.com

O nosso vaso quebrou
Nem por isso a flor morreu
Assim como o nosso amor
Mas eu continuo a ser eu

Mesmo sem você me regar
Eu me enraízo por aí
E cresço sem te perguntar
Ainda sei ser feliz

O vaso nunca será o mesmo
Mas nada me impede de replantar
Um amor que já não é mais seu
Pode brotar em outro lugar

Débora Vasconcelos

O JOGO DA VIDA

NEM SEMPRE QUEM DÁ AS CARTAS GANHA O JOGO.

Débora Vasconcelos

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

OUTRO MAR – 31/12/10


Escorreguei a mão em seu paletó de veludo verde, macio como deveria ser. Poderia apenas cutucá-lo com a ponta do dedo, mas precisava daquele toque pela última vez.
Quando se virou para mim, o óculos escuro que lhe tapava quase que o rosto todo, queria disfarçar seu semblante, mas percebi que ele não estava bem quando me estendeu os papéis do divórcio naquele estacionamento.
Nunca esquecerei do timbre da sua voz naquele momento: rouco, trêmulo, banhado de lágrimas que lhe desciam garganta abaixo.
Ele não queria a separação. No fundo do meu peito o comodismo também dizia que não.
Quando abri a pasta, vi que ele ainda não tinha assinado.
Deixou pra mim como sentença, o poder de decisão.
Peguei friamente uma caneta na bolsa e sobre a lataria assinei ali mesmo, sem pestanejar.
Foi quando os enormes óculos dele não cobriram mais a tristeza que lhe escorria pelo rosto.
E ele pra dizer que tinha dignidade e aceitação, assinou também.
Assim sem mais palavras, sem olhares, cada um pegou sua via e o seu rumo.
No carro o vento que me batia no rosto levava uma sensação de desgosto e trazia uma alegria quase que esquecida, divina e livre.
Não havia arrependimentos.
Parei em frente ao mar e lembrei das inúmeras chances que lhe dei para que ele pudesse me amar direito. Mas seus erros é que continuaram perfeitos e por mim aquelas lágrimas poderiam encher outro mar.
Não havia em mim nenhum arrependimento.

Débora Vasconcelos

MÚSICA: ACONTECIMENTOS - Marina Lima

Composição: Marina Lima/Antonio Cicero

Eu espero
Acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento

Todo amor
Vale o quanto brilha
E aí
O meu ainda brilhava
Brilho de jóia e de fantasia

O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim

Era fácil
Nem dá pra esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você

Como pôde
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes

O que que há com nós dois amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim