É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

quarta-feira, 30 de junho de 2010

MERO ADMIRADOR QUE SE ESCONDE – 26/04/10

Às vezes ela passa longe daqui, ainda assim a espero, sem saber se ela vai vir ou ir por aí a cantar, a encantar meus olhos, minha vida, meu ar
Ela nem pensa em mim
Mero admirador que se esconde
Ao mesmo tempo em que quero, tenho medo de sua presença radiante
Ao mesmo tempo em que espero, sinto que ela nem sabe que eu existo
Então o que me resta é esperar ela passar e tentar decifrar em seu modo de andar o seu humor de hoje

Ele pensa que não o vejo e faço graça cantando sozinha, mostrando ser quem não sou
Se ele soubesse da minha vida, nem ia querer meu amor
Então rebolo ou sorrio para alegrar o seu dia (já não tenho vergonha de muitas coisas)
Tento levar-lhe a alegria que já não existe em mim
Ele me observa escondido e eu também desenvolvi uma técnica para saber quando ele esta ali atrás da cortina entreaberta, apenas esperando por mim
Eu jogo o cabelo e tento parecer bonita e sadia
Ele nem imagina quanta dor trago aqui dentro de mim
A melhor parte do meu dia é passar por ele e fingir que não o vejo pra me sentir desejada
E me pergunto, o que farei se um dia ele não estiver mais ali? Ou o que ele fará quando meus passos não passarem mais por aqui? Pela primeira vez espero que meu tratamento no hospital do bairro dele dure e que minha vida também, para que um dia eu possa dizer-lhe que sempre o observei, pois sei que ele é tão triste como eu
E eu que pensei que não podia fazer mais ninguém feliz, agora quero viver para alegrá-lo

Débora Vasconcelos

MÚSICA: ANDREA DORIA - Legião Urbana

Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá

Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...

Teríamos o mundo inteiro

E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...

Mas percebo agora

Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...

Não queria te ver assim

Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu

E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...

Às vezes parecia

Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...

Até chegar o dia

Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...

Eu sei é tudo sem sentido

Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...

Nada mais vai me ferir

É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...

Tenho o que ficou

E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...

DISSECAR RELÍQUIAS – 30/06/10

Você sabe dissecar relíquias da minha alma
Você desaperta em mim tesouros que nem me pertenciam antes de você chegar, e agora são todos meus e seus
Você bordou meu nome em sua pele, com lantejoulas de amor
Você propaga a luz que reflete de seus olhos no que hoje eu sou
Você invade o meu vazio e quando me dou conta esta cheio de coisas fora do lugar, só pra eu arrumar e me entreter com o que é você
Você tempera o meu sabor
Você cava com as mãos dentro do meu coração, buscando estrelas do mar
Você descobre os cantos que escondo de ilusão
E me trás à tona na felicidade da realidade de suas mãos
Estamos nos despedindo num abraço
Em seus espaços eu me perco e me acho
E você briga pra chamar atenção
Eu lembrarei dos meus pés encontrando os seus de madrugada em forma de perdão
Eu lembrarei de caricias inesperadas interrompendo ciclos de tensão
Não sei o que esta por vir e aonde iremos
Não tenho essa pretensão
Me basta te ter agora fazendo jorrar vida do meu coração
Débora Vasconcelos

terça-feira, 22 de junho de 2010

SACRISTIA – 19/06/10

Luz de sacristia por si só é poesia, tocando vestido de noiva então vira canção.
A insegurança e a alegria na fisionomia dela, seguem o ritmo de passos descompassados do salto alto no chão.
Aperta as mãos ainda vazias, sem aliança, sem buquê, sem criança.
Deixa pra pensar na última hora o que devia ter visto antes.
Houve um desvio no caminho do carro direto para o altar, ela resolveu ir para a sacristia.
E não adianta querer lhe perguntar, ela quer ficar sozinha.
Está tudo na cabeça dela: as dúvidas, os medos, as transformações.
Essa parada ali é porque já não esta mais apaixonada, então consegue ver além das flores.
Mas o amor é real e sabe que pode superar diversas situações.
Porém ela precisava deste último momento só dela, a partir dali tudo teria divisão.
Lembrou-se da mãe já falecida que descobriu tardiamente que o maior bife tinha que ser dela, pois ela o merecia. “Homem não lava panela”.– era o que sua mãe dizia.
Passou na mente as separações de amigas, passou nos braços os filhos delas, “crianças lindas”, e a voz de casais que deram certo se chamando de “Amor” com amor nos olhos.
Com tantas passagens borbulhando em sua cabeça, havia em si uma certeza, a de querer se arriscar.
Deixou então a sacristia rumo ao altar.
Débora Vasconcelos

quarta-feira, 16 de junho de 2010

J.J. – 11/06/10

Distraída ando cambaleando pelas ruas de Nova York, nada de glamour quando não se percebe que a saia esta presa na calcinha e que todo mundo olha pra sua cara por já ter visto sua bunda.
Saída de balada é assim, cheia de histórias pra contar.
Acordo a não sei quantas milhas de casa, um clarão tão intenso que parecia que o sol estava dentro do quarto, mas era só o efeito da ressaca.
Vejo Jonny ainda dormindo, pelo menos lembrava o nome dele. Penso em procurar a carteira dele, pegar um dinheiro e chamar um taxi.
- Cadê minha calcinha? - I acho que falei alto de mais, acordei Jonny. Ainda estou descordenada.
Ele olha estranhando como eu o impacto da claridade. Não sei nem por onde começar. Pergunto onde estamos.
Ele responde:
- Na minha casa.
- Em que bairro estamos?
- Philadelphia.
- Puta que pariu, como assim? Longe pra caralho de casa!... Onde está minha calcinha?
- Olha pela janela.
Só vejo um ponto vermelho na grama.
- Porque você fez isso, seu doido?
- Foi você quem fez. – disse sorrindo.
Só então reparei o quanto ele era bonito.
- Porque você está com pressa? Podemos tomar um banho, um café, um vinho, champagne se quiser...
- Você tá doido? Quero ir pra casa!
- Pra fazer o quê? Hoje é domingo!
Comecei a gostar da idéia de tomar café, minha barriga só faltava falar, enquanto isso, vi o cachorro do vizinho pular o pequeno cercado de arbusto e levar minha calcinha. Vermelha. Deve ter pensado que era carne.
Pergunto:
- Você sabe meu nome?
- JOANAAAAAAAA...(palmas)... JOANAAAAAAAAAA! - minha vizinha Adélia, chamando no portão pra me entregar um queijo de Minas que trouxe pra mim, interrompendo meu segundo sonho com Jonny. Filha da puta!!!
Débora Vasconcelos

TRISTE MAS BONITO

Débora Vasconcelos

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A ESTRANHEZA DO NOVO – 11/06/10


Ela não queria fechar a mala, sabia que a partir dali seria diferente, sentada em cima dela pensava se poderia sobreviver com tão pouco, se poderia conviver com tão muito que seus olhos teriam que vislumbrar.
Batia em forma de melodia o seu coração, uma canção que ela desconhecia e já anunciava a estranheza do novo.
Ainda com medo, passou o ziper e arrastou até o carro com certa dificuldade, como se além do peso houvesse um imã imaginário que exercesse uma força incondicional.
Deixou as chaves na porta para demosntrar a si mesma que nada mais ali lhe importava. Decidiu seguir.
Horas de carro e música chata, os bons CD´s estavam compactados em um arquivo no computador portátil.
A medida que se distanciava daquele lugar, se aproximava de si mesma e de sentimentos que não fluiam naturalmente, barrados pela razão.
Uma crise de choro, parou no acostamento, não conseguia mais dirigir, batia no volante, soluçava, gritava na escuridão de sua própria alma, que só então pode ver.
- Quanto tempo perdido? Ela se perguntava.
E tudo que ela se impedia de sentir veio a tona, pois já não tinha mais o relógio para lhe controlar.
E não dever satisfação era tão bom que lhe deu medo de encarar.
Começou a rir e se perguntar: - Como algo tão bom, pode causar tanto medo?
Ria e chorava, descontroladamente. Se acalmou depois de um tempo e voltou a dirigir.
Viu uma velhinha estendendo roupas numa casa beira de estrada. Parou o carro e pediu abrigo na maior cara de pau. Disse que estava precisando dormir, que pagaria pela estadia, mais que não podia mais dirigir.
A senhora relutou de início, foi até a garagem conversar com seu marido, voltou e disse que ela precisava pagar adiantado e em seguida abriu o portão pra ela colocar o carro no quintal.
Sorriu então com gratidão, algo que já não lembrava direito que existia.
Ali o mecanismo havia se quebrado.
Depois de um banho, a sopa estava na mesa, e ela admirava a cumplicidade do casal. Enquanto a senhora servia os pratos, seu esposo cortava as rodelas de pão, eles conversavam com respeito e atenção, então novas perguntas surgiram no coração dela: - Será que sempre foi assim? Será que sempre se deram bem? Ou será que a velhice foi a responsável por acalmar a pressa dos seus corações, pra que eles vivessem o lado belo do amor, a cumplicidade?
Por fim, se perguntou: Porque não fui digna de viver um grande amor, e tinha que me enfiar no trabalho pra não ter que conviver com o marido que acabei de deixar?
E pela primeira vez, admitiu que o erro também foi seu, por não saber a hora certa de parar, deixando tudo mais dolorido, pelo peso das palavras que não ficaram no quarto junto com a mala, mas que vira e mexe voltavam ardentes em sua mente.
E não se perdoou por ter deixado chegar a esse ponto, ultrapassando os limites do respeito.
E percebeu que buscar culpados sentada na varanda, sob um céu magicamente estrelado como aquele, era quase que pecado e que não iria mudar nada.
Agora a mala já tinha sido aberta para novas experiências, como ver estrelas, que há anos ela não reparava. A decisão estava tomada e agora ela teria que se acostumar com a estranheza do novo

Débora Vasconcelos

terça-feira, 8 de junho de 2010

DECIDIR E SENTIR - 11/05/10

Um dia, decidi que te “amava” e te “amei”
Mas um dia bem antes disso, assim sem decidir...eu Senti o amor de verdade, totalmente Avassalador, Incontrolável e Insubstituível
Um dia eu descobri que não precisava tê-lo perto pra amá-lo e deixei
ele ir
Um dia, decidi “amar” de novo e “amei”, casei, tive filhos...mas mesmo com tudo isso, dentro do peito a certeza que esse amor que eu decidi não é nada, comparado ao amor que Senti e ainda Sinto vibrar em mim
Débora Vasconcelos

PARA QUE OS HOMENS ENTENDAM – 20/05/10

Sabe aquela força que a Kryptonita exerce sobre o Super Homem?
Então, é aquela mesma força que o amor dele exerce sobre mim, só que ao contrário, em vez de repelir, atrai.

Débora Vasconcelos

segunda-feira, 7 de junho de 2010

ALÉM DO QUE PODEMOS SER – 05/06/10

Capa do álbum: Feijão com Arroz - Daniela Mercury

ALÉM DO QUE PODEMOS SER – 05/06/10
Acho que tenho algum problema nas vistas
Vejo os dois da mesma cor
A cor indefinível do amor
Enquanto todos me falam
Que ele é negro e ela branca
Eu não consigo enxergar
Vejo apenas a cor do amar
A cor que muitos não querem mais ver
Preferem definir o que não se pode descrever
Apenas é possível sentir como neste abraço infinito
Tão bonito que em si leva sua própria cor
Emanando energia multicolor
Que preenche os vazios
De quem não tem medo de ver
Que as diferenças são belas, necessárias e eternas
Mas que é preciso crer
Que o amor é colorido
Além do que podemos ser

Débora Vasconcelos

MÚSICA: ALMA NÃO TEM COR - Karnak

Composição: André Abujamra

Alma não tem cor
Porque eu sou branco
Alma não tem cor
Porque eu sou negro
Branquinho, neguinho
Branco, negão
Alma não tem cor
Porque eu sou branco
Alma não tem cor
Porque eu sou negro
Percebam que a alma não tem cor
Ela é colorida
Ela é multicolor
Azul, amarelo, verde, verdinho, marrom
Cê conhece tudo,
Cê conhece o reggae
Cê conhece tudo né,
Cê só não se conhece

quarta-feira, 2 de junho de 2010

NOSSO LUGAR NO TEATRO DA VIDA – 31/05/10 – 3:10h

Você trouxe o aroma de lá
De onde eu vim de outras vidas
Nos seus olhos pude encontrar
Uma parte minha quase esquecida
Você me fez lembrar

Eu que andava aborrecida
Me entreti no seu olhar
Minutos de uma conversa tão amiga
Fez a alegria eu retomar

Me senti tão desinibida
Como se eu pudesse me mostrar
Afinal, você vinha de onde eu vinha
Não tive vergonha de lhe contar

Coisas que provavelmente você sabia
Apenas observando o meu olhar
Dividi uma obsessão tão minha
De voltar pro seu lugar

Mas no teatro de nossas vidas
Não podemos apenas ensaiar
Devemos estrear com alegria
Nosso lugar é onde nosso coração está
Débora Vasconcelos

terça-feira, 1 de junho de 2010

ESCRITORA, EU?

O que é um escritor?
É aquele que escreve um livro?
Ou aquele publica colunas diárias num jornal?
Ou é aquela pessoa que mantém as páginas de seus diários desde criança preenchidas e atualizadas?
Ou seria um escritor aquele que tem um blog, seja lá sobre o assunto que for?
O que define um escritor?
Seriam escritores apenas aqueles que fazem parte da história, como Anne Frank com seu diário, ou Einstein com temas científicos e suas teorias, ou seriam apenas aqueles mundialmente famosos como Paulo Coelho e tantos outros, ou aqueles que conquistam pela sua simplicidade e até erros de português como escritores de Cordel?
Procuro insistentemente dentro de mim uma resposta para essa pergunta que me acompanha desde criança: - Então afinal, o que é um escritor?
Lembro-me de uma vez que um amigo me chamou de escritora e eu o repreendi de imediato, dizendo que não me considerava escritora, pois nunca tinha ganhado nenhum tostão furado com meus escritos.
Mas será mesmo que somente é escritor quem ganha dinheiro com isso?
Claro que eu gostaria muito de viver de escrita. Mas nunca me passou pela cabeça deixar de escrever por não ganhar dinheiro.
Será que ser escritor é ter essa paixão acessa que não cessa, sem se importar com o que foi, com o que virá, tendo dentro de si essa ganância de escrever que nunca é saciada, independente do dinheiro ou do que os outros vão pensar?
Pelo menos eu achei neste meu ato de escrever uma recompensa que não há dinheiro no universo que pague, que é o poder de fazer amigos através de meus escritos, conhecer pessoas que eu admiro e nem conhecer ainda pessoalmente quem me admira de longe, muito longe, mas pessoas queridas que já fazem parte da minha vida.
Taí, conhecer gente do bem devido ao que escrevo, é o meu maior estímulo pra continuar escrevendo mais e mais, sem precisar ser chamada de escritora.
Débora Vasconcelos



* Quando criança, escutei isso não lembro de quem, mais nunca mais esqueci e quero compartilhar:
A Amizade é o único sentimento realmente compartilhado, precisam que duas pessoas sintam o mesmo sentimento para que exista, afinal você pode dizer que ama, odeia, ou sente medo de alguém que nem sabe que você existe, mais não tem como dizer que você é amigo de uma pessoa que não compartilhe essa amizade com você também. Então poder fazer amigos é algo magnífico pra mim, ainda mais quando é por causa de algo que eu gosto tanto de fazer como é a escrita.

Débora Vasconcelos

ATUAL SONHO DE COSUMO


A BELEZA DA MADRUGADA - 31/05/10


Ainda há beleza na madrugada
Mesmo quando se está só e o sono não vem
Mesmo com o barulho da chuva no telhado propício pra dormir
E a insônia é o que se tem
Ainda há beleza no chá
Na escrita amiga
Nos pensamentos fora de lugar
Ainda há uma beleza escondida
Nas madrugadas onde as respostas ficam longe
E as dúvidas não se aquietam como as cinzas do incenso
Ainda sim há beleza na madrugada
Em que o coração dispara
Enquanto o mundo se acalma
Pra daqui a pouco acordar
Débora Vasconcelos

AUTO RETRATO - 1998

Pintei essa tela quando tinha 15 anos, mas nem me liguei que estava pintando um auto retratro.


Débora Vasconcelos

ARRITMIA – 20/05/10

Que desses novos horizontes
Nasçam desejos incontroláveis
Que deles nasçam poema inesquecíveis
Versos realmente memoráveis

Que desses novos horizontes
Nasçam forças indescritíveis
Nasçam segredos inquestionáveis
Que deles nasçam o que você não pôde me dar
O que nem eu de você pude tirar

Que desses novos horizontes
Nasçam novas chances
Novas maneiras de agir e pensar
Que deles nasçam novas formas de conduzir a vida que se desgasta

Que desses novos horizontes
Eu possa me encontrar
Possa também me despedir
Sem me despedaçar

Que nesses novos horizontes
A alegria seja plena
A realização seja tão intensa
Como todas novas cores

Que nesses novos horizontes
Eu me preencha de sabedoria
Que haja uma arritmia
De desenvolvimento e certezas
Débora Vasconcelos