É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ATRÁS DA ESTANTE – 29/01/10

Hoje na mudança, achei um resto de você.
Um pedaço de papel, um bilhetinho com sua letra, dizendo que ia chegar mais tarde e mandando beijos.
Não sei como aquilo foi parar ali, atrás do rack, aliás, atrás da parte fixa que fica parafusada na parede, e quando vi o moço da mudança retirá-la, ele caiu.
Mal pude acreditar no que tinha em minhas mãos...depois de tantos anos encontrar um pedacinho de você ali e saber que convivi com ele tanto tempo sem saber dentro da minha casa, enquanto outros entravam e saiam, você estava ali atrás da estante esquecido mandando beijos.
Será que junto do bilhete, também ficou guardado a mágoa e o resto de amor? Se é que existe um pouco de amor, amor médio e grande. Qual será a medida usada para se medir o amor? Será que ele passa, ou fica apenas guardado, mas existindo ali escondido de nós mesmos, dentro do coração ou atrás da estante?
Só sei que quando vi aquilo, pedi logo para que eles levassem esse último móvel, para que eu me despedisse da minha casa.
Sentei no chão, encostei-me na parede e foi tão vazio ver tudo vazio, deu um aperto no coração, estar apenas eu, a casa e o seu papel em minhas mãos.
Lembrei-me do dia em que achava ter te devolvido tudo que era teu e que estava ali.
Lembrei-me do dia em que você voltou de sua viagem pra ficar. Lembrei-me também de mim indo e voltando com as malas e mochilas nas mãos.
Lembrei-me de tantas idas e voltas.
De tantas dores e revoltas.
De tantos reencontros e reconciliações.
Parecia que estava morrendo aquela casa e um pouco de mim também estava morrendo e a vida da casa se passava diante de meus olhos, em fleches, flertes, feixes e pedaços.
Com o papel na mão quase pude sentir seu cheiro, não fosse o cheiro de mofo, se não fosse o pó, mas na minha memória, nada disso me impedia de senti-lo perfeitamente.
E quando fechei os olhos você estava ali tão real quanto o papel, me enconchando na cozinha, me beijando na sala, discutindo no quarto, fazendo as malas. Me fazendo chorar e sorrir.
Aquela vida conturbada voltara por alguns segundos. Mas foi só os olhos abrir pra me dar conta de que nossas vidas estavam agora totalmente diferentes. Mas na verdade sempre foram diferentes e como escrito no recado você sempre chegava tarde de mais pra participar de mim, só vinha pra me tomar e pra discutir. E a pesar de morar comigo durante anos, você sempre se manteve ali...exatamente ali...mandando beijos atrás da estante.

Débora Vasconcelos

5 comentários:

Amor Quando És Surreal disse...

oi de nossa achei lindo este poema não tenho palavras para expressar ate me arrepiei ao ler ja li varias vesse e em todas me arrepiei nunca senti isso ao ler algo me indentifiquei mto nunca pare de escrever nunca mesmo amei este poema de coração fica com deus

Amor Quando És Surreal disse...

oi de nossa achei lindo este poema não tenho palavras para expressar ate me arrepiei ao ler ja li varias vesse e em todas me arrepiei nunca senti isso ao ler algo me indentifiquei mto nunca pare de escrever nunca mesmo amei este poema de coração fica com deus

Débora Cristina Vasconcelos disse...

Fico fico muito feliz em saber que o que escrevo se torne importante para as pessoas, e adoro saber que se identificam com meu trabalho.
Muito obrigada pelo comentário.
Fica com Deus!

Felipe Corá disse...

Dé ... sensacional!
Me lembrou um tanto aquela música da Pitty, acho que se chama "Na sua estante" ...

Falando um pouco de outro post ainda neste comentário ... também prefiro reticências ou, no máximo, um ponto de exclamação ... =D

B-jão!

Débora Cristina Vasconcelos disse...

Nossa Felipe, estou muito feliz que você esteja acompanhando o meu blog.
Muito obrigada pelo comentário e pela visita.

Bjssssss