É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

terça-feira, 22 de junho de 2010

SACRISTIA – 19/06/10

Luz de sacristia por si só é poesia, tocando vestido de noiva então vira canção.
A insegurança e a alegria na fisionomia dela, seguem o ritmo de passos descompassados do salto alto no chão.
Aperta as mãos ainda vazias, sem aliança, sem buquê, sem criança.
Deixa pra pensar na última hora o que devia ter visto antes.
Houve um desvio no caminho do carro direto para o altar, ela resolveu ir para a sacristia.
E não adianta querer lhe perguntar, ela quer ficar sozinha.
Está tudo na cabeça dela: as dúvidas, os medos, as transformações.
Essa parada ali é porque já não esta mais apaixonada, então consegue ver além das flores.
Mas o amor é real e sabe que pode superar diversas situações.
Porém ela precisava deste último momento só dela, a partir dali tudo teria divisão.
Lembrou-se da mãe já falecida que descobriu tardiamente que o maior bife tinha que ser dela, pois ela o merecia. “Homem não lava panela”.– era o que sua mãe dizia.
Passou na mente as separações de amigas, passou nos braços os filhos delas, “crianças lindas”, e a voz de casais que deram certo se chamando de “Amor” com amor nos olhos.
Com tantas passagens borbulhando em sua cabeça, havia em si uma certeza, a de querer se arriscar.
Deixou então a sacristia rumo ao altar.
Débora Vasconcelos

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