É PRECISO IR AOS EXTREMOS DE SI,
PARA QUE POSSA EXPERIMENTAR-SE POR INTEIRO !


Débora Vasconcelos

segunda-feira, 13 de julho de 2009

SUA TINTA - 08/07/09


Em uma atitude desesperada
Eu pintei sozinha, as paredes de toda a minha casa
Tentando te tirar dali
Mais era de mim que eu queria te arrancar
Sem deixar rastros, sem deixar marcas
Passar uma tinta branca, até apagar o passado
Até não te ver mais do meu lado
Simplesmente te apagar de mim

E todo esforço de arrastar móveis pesados
Subir escadas, pintar os cantos de lugares que até esqueci existir
Não se compara ao esforço que estou fazendo de tentar te arrancar de mim

E como o cheiro da tinta, você penetrou nos vasos, nas veias, no pulmão, na pele, tudo em fim
E é no fim que eu penso, a cada pincelada, a cada parede pintada, a cada cômodo, é só no fim

Pinto sem querer acabar, ao mesmo tempo tenho ânsia de ver tudo arrumado
De fazer as coisas voltarem ao lugar
Mais colocá-las em lugares diferentes
Pra ver se assim fica mais fácil te excluir

Chega uma hora em que bate o cansaço
E me lembro de quantas vezes cansei
De tentar ser feliz ao seu lado
E você nem se quer soube me fazer feliz

Hoje estou aqui
Tentando pintar o passado
Pra quem sabe poder me redescobrir

E nessas paredes brancas terei espaço
Pra poder pendurar outros quadros
Outras histórias que contarei pra mim

Mais no final do dia, junto com o cansaço
A pele resseca
A garganta também
Como se houvesse um nó, me impedindo de falar
E o corpo já estivesse paralisado
E quando paro pra pensar
Era assim que me sentia ao seu lado
Sem poder falar o que pensava, pois você me cansava
Você me envelhecia, assim como essa tinta seca na minhas mãos, no final do dia
Uma tinta que vai ser difícil de sair

Vou terminar de pintar
E ver no que dá
Se virá alguma inspiração que possa me fazer entender
Que tudo nessa vida tem o lado bom de ser

Débora Vasconcelos

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