O que irritava Cíntia naquele dia lindo de sol enquanto
lavava a louça, não eram os afazeres domésticos. O que amargava a sua boca era o
fato dele ter estragado não apenas com o futuro dos dois que poderia ser
brilhante se ele tivesse se esforçado, mas principalmente por ele ter estragado
o passado vivido.
Enquanto ela apertava a bucha com força, expremia também
a memória para ver se dali saia alguma lnembrança boa, algo digno de ser lembrado
com felicidade sincera.
E sempre que se iniciava uma lembrança de um dia que tinha
tudo para ser feliz, havia uma pausa profunda, como se o cérebro não quisesse
lembrar da escuridão.
Cíntia sentiu a água em seus pés escorrendo da pia cheia, puxou o tampão do ralo e com a mesma velocidade do movimento o pensamento veio
redesenhar as brigas, as palavras ofencivas e a humilhação de não ser amada por
quem jurava lhe amar, quem só lhe trouxe desamor e nunca lutou por ela, nunca a
defendeu.
Ela não era tão frágil assim, mas permitiu e ele se tornou a
ameaça de sua felicidade.
Enquanto Cíntia terminava com a louça um pensamento seu
nunca irá ser lavado, pois ela não se conformava que ele por ter lhe
acompanhado todos passos, visto suas inúmeras vitórias ainda a tratava feito lixo.
Ele nunca reconhecera o que em Cíntia era belo e jamais
sentira orgulho dela.
Foram anos perdidos, que não deixaram nem ao menos um
passado bonito para se quer se relembrado.
Tirou as luvas, o avental e fez sinal da janela.
A felicidade buzinava da rua, ela merece a chance de
tentar construir boas lembranças para o futuro.
Agora Cíntia já sabia que caminho não deveria pegar.
Débora Vasconcelos
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