Embrulhando enfeites eu me pergunto se daqui há um ano ou dois irei lembrar que os tenho e como me causará surpresa ou alívio quando revê-los intactos
Isso me faz pensar que muitas coisas estarão embrulhadas no tempo dessa distância que haverá entre eu e meu país
Entre eu e meus amigos
Entre eu e minhas coisas
Entre eu e o que eu poderia ter vivido
Sei que se eu voltar, ao desembrulhar os guardados me perguntarei:
- Porque será que eu guardei isso? Pois algumas coisas já não farão sentido
Algumas coisas já não combinarão mais comigo
Algumas eu já deveria ter esquecido
E algumas eu só irei lembrar que existe quando eu desembrulhar
Mas é o risco que se corre quando a gente passa a viver nessa ponte do tempo
Em que só o tempo irá responder o que será resolvido dessa distância que me afetará
Somente depois de me readaptar é que eu irei distinguir o que presta e o que é lixo
Por enquanto, ficará guardado
Até que eu tenha esse equilíbrio para decidir o que será digno de então me acompanhar
Débora Vasconcelos
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