Eu não consigo viver de certezas
Meu coração se sustenta de infinito
Eu quero a folha ao vento sem destino certo
Eu quero o labirinto
Não sei conviver com a fé cega do que é certo
Eu quero o incerto, eu quero o atrito
E é na confusão que eu me resolvo
São meus desgostos, são meus alívios
Só eu sei porque roo o osso
Em que eu mesma não acredito
Mas sugo dele até o tutano
E assim preencho o meu coração cigano desvairido
"Eu quero a folha ao vento sem destino certo
ResponderExcluirEu quero o labirinto"
Essas frases lhe definem muito bem Débora.Sempre em busca de algo; a rotina lhe machuca.
Gostei bastante e lembrei-me de um poema de Ricardo:
CONTRADITÓRIO
Eu não quero a palavra sonada.
Quero ouvir tudo que foi calado no silêncio.
Não quero o tempo.
Quero o que ficou imobilizado intacto inerte.
Quero o inacessível,
o impossível eu quero.
Não ao gesto.
Não ao presto.
Mas o incerto.
Antes quero tudo
o que não quero.
Quero o contraditório.
O avesso e o indizível.
O que dói euu quero.
Quero o que corroe..
O que descria
o que não foi criado.
O que não veio.
Quero o o inexistente.
Quero frio quente
e o quente gelado..
Não quero o que foi dado.
Quero o negado.
Quero o omitido.
E tudo que for nada.
Quero da minha vida a morte
e da morte tudo que é vida!
Quero tudo que foi errado no certo
e o certo quero quando for errado.
Quero ainda mais.
Quero tudo o que não posso.
Quero o silêncio do grito
e o grito calado.
Quero a noite no meio do dia
e na escuridão o sol que brilha.
Quero o santo pecador
e o pecado santificado.
Quero me saciar de fome
e ter fome quando saciado.
Quero do amor o ódio
e do ódio o que for amado.
E assim tudo querendo
anseio pelo querer nada!
RICARDO ROSSI
São Vicente
14/01/2006 – 23h22
Muito bom... fiquei um tempo sem entrar e hj entro e já de cara vejo essa poesia maravilhosa... Indiquei seu blog no meu Facebook... coisa boa tem que ser compartilhada! :-)
ResponderExcluirBjs